quinta-feira, 15 de setembro de 2011

RETRATOS DA VIDA

A razão tem tudo para prevalecer...

Menos, razão.

O coração tem muito para ser ouvido..

Mas se cala.

Prevalece uma razão de frágeis argumentos e

 Ouve-se o lamento do emocional contido.

Sofrido, dolorido...

Sufoco a realidade

Realizo o racional

A razão tem tudo para prevalecer..

Menos, emoção

O coração tem muito a ser dito

Mas reluto. Vivo o luto.

Prevalece uma razão sem amor

Cala-se o sentimento  reprimido

Ecoa o desamor

A razão tem tudo para prevalecer..

Menos coração!
(Maria Helena Braun, 15-09-2011)


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

UM SALTO PARA A HISTÓRIA


Pulei, como se pula ao festejar um gol. Chorei ,como se chora ao sentir uma forte emoção. Gritei ,como se grita para avisar ao mundo inteiro que a medalha de ouro é dela, ou melhor, é nossa, do Brasil. Fabiana Murer  tornou-se a primeira brasileira a ganhar ouro num Mundial de Atletismo e registrar a segunda melhor marca da história dos mundiais no salto com vara: 4,85m. Emocionante! Foi de prender a respiração. Principalmente porque ela precisava derrotar o mito, a espetacular bicampeã olímpica , recordista mundial ( com inacreditáveis 5,06m) e campeã  também em beleza e simpatia, Yelena  Isinbayeva.  Quando Yelena balançou o corpo, com olhos fixos no sarrafo, buscando a concentração total, pensei comigo “vai ser difícil superá-la”. E veio a corrida, corpo lançado ao alto e......erro, com o sarrafo a 4,80m. Renovei a esperança e fechei os olhos. Concentrei junto com Fabiana, mas ela errou na primeira tentativa. Só na segunda passou com 4,80. E ia para o tudo ou nada com o sarrafo a 4,85. O coração a bater descompassado, como bate na hora da cobrança de um pênalti. “É agora, tá na hora da Fabiana mostrar que podia ter conquistado uma medalha já em 2008, na Olimpíada de Pequim, quando a organização fez o favor de sumir com as suas varas de competição. Mas agora era chegada a hora de deixar tudo pra trás, à frente só o sarrafo a 4,85 e a grande chance da medalha de ouro de entrar para a história do esporte brasileiro e mundial. E veio a corrida, um arrepio percorreu o meu corpo, coração a mil, o impulso, a transposição do sarrafo, o sorriso e os braços abertos ainda no ar. “ passou, passou, passou!!!” Saí gritando e pulando. Delírio....Uma alegria incontida tomou conta de mim e de toda uma nação: a nação dos apaixonados pelo esporte, de quem sabe o quando é difícil um atleta chegar à elite e escrever em números o sacrifício dos exaustivos treinos diários, as dores físicas, as frustrações, o abdicar de festas, vida noturna, excessos da juventude em nome da performance. Tudo isso estava escrito na trajetória que Fabiana fez até ultrapassar aquele bendito sarrafo. Numa fração de segundos toda uma história de luta, entrega, determinação, ao lado do marido e técnico Elson Miranda, que explodiu num grito só na arquibancada, lá do outro lado do mundo, na distante Daegu, Coréia do Sul. Estava escrito. Quase quatro anos depois da frustração imposta a ela em Pequim, num erro imperdoável dos organizadores, Fabiana superava tudo e todos e mostrava ao mundo o que é ser uma campeã mundial.
crônica publicada no rjsports de 1-09-2011