quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

PRESENTE DE NATAL

Escrevi uma longa carta para o Papai Noel nesse natal. Tive essa idéia depois de ver o Barcelona jogar, ignorar e golear o Santos. Confesso que não sei se Papai Noel vai ter condições de me dar esses presentes, mas apesar de toda a dificuldade que ele vai ter, tenho esperanças de que ele consiga realizar e materializar meus sonhos. Fiquei até um pouco constrangida de fazer tais pedidos, mas depois de ver o show do Barça sobre o inexistente Santos, me enchi de coragem. Neste natal e para 2012, meu querido Papai Noel, quero ver um futebol autêntico nos gramados do Brasil. Não vale me mandar aquelas imitações que já nos irritam há tantos anos, com jogadores que atuam burocratizados, tolhidos por técnicos que privilegiam o futebol força em detrimento do futebol arte. Quero Papai Noel ver de novo nos estádios times que praticam o verdadeiro futebol, como Santos de Pelé; o Botafogo de Garrincha e Gerson; O São Paulo de Raí; o Flamengo de Zico, Junior, Leandro, Adílio. Quero sim, Papai Noel, ver de volta aquele futebol da Seleção Brasileira de 82, sob a batuta de mestre Telê Santana, que não ganhou a Copa, mas encantou o mundo e é lembrada até hoje como uma das grandes seleções de todos os tempos. Quero viver novamente a emoção do gol que Pelé não fez contra o Uruguai na Copa de 70; do calcanhar de Sócrates, das arrancadas de Zico, da lavada que o Flamengo deu no Liverpool em 81, tal como o Barcelona fez contra o assustado Santos. Quero o nosso futebol de volta. Aquele que um dia já praticamos e nos tornou referência em todo o mundo, modelo para quem hoje dá as cartas e deixa todo mundo de queixo caído, talentos como Iniesta capaz de dar mais de cem passes e não errar nenhum. Quantos Messis existirão nos nossos campinhos, nas nossas categorias inferiores, ávidos por uma chance de mostrar o verdadeiro futebol brasileiro e não aquele que sai da cabeça de técnicos que engessam o jogo num quadro negro ou em tablets¿ Vou lhe dar uma ajudinha, Papai Noel: talvez o senhor encontre o que lhe peço se fizer as pessoas voltarem as atenções para o que vem da base dos clubes, tipo aquele lema do Flamengo, eternizado numa frase do jornalista Geraldo Mainenti “craque o Flamengo faz em casa”. Será que estou pedindo demais, Papai Noel ou será que esse nem é um presente novo, mas sim a recuperação do que um dia já foi um presente para os nossos olhos¿ Bom, Papai Noel, me despeço por aqui e na noite de natal tenho esperanças de ver surgir no meu sapatinho o renascimento do nosso futebol.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

BARRADOS NO BAILE

Cá pra nós. Um campeonato tão sensacional, considerado o melhor dos últimos tempos, em emoção, atuações, jogos memoráveis, gols belíssimos, tinha todo direito a uma festa de encerramento  a  altura do que os clubes e seus times apresentaram dentro das quatro linhas. Com todo respeito que tenho a todos os envolvidos na realização de um evento, que reúne a elite do futebol brasileiro, a festa em São Paulo conseguiu superar as já realizadas no Rio em termos de frieza. Foi um show de equívocos, alguns constrangedores. Bem, mas vamos falar da premiação, que aliás, era o objetivo maior do evento. Dedé , zagueiro do Vasco, foi coroado  como craque, porque a galera é justa.E Neymar o craque do brasileiro, sem surpresas, mas entre tantos premiados, achei que o troféu de melhor goleiro poderia ter sido dado para Fernando Prass, por atuações dignas dos grandes goleiros do mundo. Só pra citar uma defesa, aquela que ele fez num quase gol de Ronaldinho Gaúcho, no último jogo , foi um milagre. Jefferson, que lveou o premio,  teve altos e baixos durante o longo campeonato, diferente de Prass, que se manteve sempre muito bem. Outro troféu que causou estranheza foi o de melhor meia esquerda, para Ronaldinho Gáúcho. R10 teve algumas atuações fraquíssimas no brasileiro, especialmente nas últimas rodadas. Mostrou lampejos de craque em algumas partidas e, eu pergunto...será que ninguém foi melhor que ele¿ Mas tem um detalhe  que é o que mais incomoda:  receber o troféu de campeão num palco, diante de uma platéia black –tie, , me desculpem, mas não tem o menor sentido. Futebol é o momento, a emoção pulsando, suor escorrendo ,choro e gritos nas arquibancadas, abraços, desabafos, torcedores em êxtase, esperando a  hora de levantar o troféu, depois  de um ano de luta e a volta olímpica . Levantar a taça 24 horas depois do apito final é perder a chance de eternizar um gesto tradicional , consagrador, de entrar para a história.  E o torcedor que vai ao estádio o ano todo ver seu time, merece esse momento, tem o direito de ser testemunha, soltar o grito , curtir a taça. Mas nos últimos anos, por mais que ninguém arrede o pé do estádio, o grand finale não acontece e fica a sensação de que faltou o principal. Erguer a taça num teatro fechado para uma platéia vip  é o mesmo que uma escola de samba desfilar para um sambódromo vazio. Ano que vem os dirigentes bem que poderiam entregar a taça no campo e  repetir o gesto na festa. Seria mais justo com o torcedor.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

SARAVÁ!!!!



“ Se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminava empatado”.

A frase do saudoso João Saldanha ficou marcada no folclore do nosso futebol, mas pelo menos um personagem não acreditava na veracidade dela. Era um sujeito forte, um legítimo exemplar de um negão, chamado Eduardo Santana, que entrou para a história do futebol como Pai Santana. Muito mais que massagista do Vasco, figura queridíssima em São Januário, conhecedor de muitas histórias do clube, Pai Santana era mesmo uma entidade. Muitos recorriam às suas mandingas para curar uma torção, um resfriado, uma distensão. As mãos de Santana não promoviam só massagens milagrosas e tiravam do estaleiro jogadores machucados. A crença nos poderes do ilustre vascaíno iam muito além dos muros de São Januário. Há quem diga que em véspera de clássico com o Vasco, os adversários ficavam de olho no noticiário dos rivais e no que estaria aprontando Pai Santana. E fora muitas as histórias. Dizem que ele costumava fazer “trabalhos” ou despachos, como queiram nos portões da Gávea, Laranjeiras, General Severiano.....sempre na calada da noite, sorrateiro. Amarrava direitinho a perna dos adversários. Se dava certo ou não , era outra história. O importante era crer, levar fé, naquela força extra que estava sempre a serviço para impulsionar o clube da colina. E quantos sapos será que ele enterrou em gramados alheios, só pra garantir a vitória do seu Vascão¿ A verdade é que Pai Santana, além de excelente massagista, agia na mente de jogadores , dirigentes e adversários, como aquele Ser  em quem muita gente não acredita, mas ninguém quer desdenhar, duvidar, muito pelo contrário...Vai que a mandinga funciona !!! pensavam os nem tão céticos assim. E o homem tinha sua função durante o jogo. Era o “garoto de recados” de muito treinador. Ele ia para trás do gol  e voltava muitas vezes durante uma partida, correndo com aquele corpão que Deus lhe deu, só pra levar uma instrução ou quem sabe rezar pra “fechar” o gol do Vasco. Pai Santana nos deixou ante-ontem, aos 77 anos. Levou com ele muitas histórias do folclore do futebol: de águas batizadas, a chuteiras dos inimigos amarradas com seus “passes” de macumba, sempre a serviço do Vasco. Na história do clube, com certeza, Santana é um capítulo à parte, que merece muitas páginas, tantas são as que lhe são atribuídas. Deixou aqui uma lacuna difícil de ser preenchida no futebol tão previsível , frio e calculista dos nossos dias, onde nem o nosso imaginário permite mais fazer uma fezinha nos orixás, jogar um gole pro Santo e acreditar que há  muitas coisas além da bola. Vai em paz, Pai Santana. Saravá!!!!
coluna publicada no rjsports em novembro de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

RETRATOS DA VIDA

A razão tem tudo para prevalecer...

Menos, razão.

O coração tem muito para ser ouvido..

Mas se cala.

Prevalece uma razão de frágeis argumentos e

 Ouve-se o lamento do emocional contido.

Sofrido, dolorido...

Sufoco a realidade

Realizo o racional

A razão tem tudo para prevalecer..

Menos, emoção

O coração tem muito a ser dito

Mas reluto. Vivo o luto.

Prevalece uma razão sem amor

Cala-se o sentimento  reprimido

Ecoa o desamor

A razão tem tudo para prevalecer..

Menos coração!
(Maria Helena Braun, 15-09-2011)


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

UM SALTO PARA A HISTÓRIA


Pulei, como se pula ao festejar um gol. Chorei ,como se chora ao sentir uma forte emoção. Gritei ,como se grita para avisar ao mundo inteiro que a medalha de ouro é dela, ou melhor, é nossa, do Brasil. Fabiana Murer  tornou-se a primeira brasileira a ganhar ouro num Mundial de Atletismo e registrar a segunda melhor marca da história dos mundiais no salto com vara: 4,85m. Emocionante! Foi de prender a respiração. Principalmente porque ela precisava derrotar o mito, a espetacular bicampeã olímpica , recordista mundial ( com inacreditáveis 5,06m) e campeã  também em beleza e simpatia, Yelena  Isinbayeva.  Quando Yelena balançou o corpo, com olhos fixos no sarrafo, buscando a concentração total, pensei comigo “vai ser difícil superá-la”. E veio a corrida, corpo lançado ao alto e......erro, com o sarrafo a 4,80m. Renovei a esperança e fechei os olhos. Concentrei junto com Fabiana, mas ela errou na primeira tentativa. Só na segunda passou com 4,80. E ia para o tudo ou nada com o sarrafo a 4,85. O coração a bater descompassado, como bate na hora da cobrança de um pênalti. “É agora, tá na hora da Fabiana mostrar que podia ter conquistado uma medalha já em 2008, na Olimpíada de Pequim, quando a organização fez o favor de sumir com as suas varas de competição. Mas agora era chegada a hora de deixar tudo pra trás, à frente só o sarrafo a 4,85 e a grande chance da medalha de ouro de entrar para a história do esporte brasileiro e mundial. E veio a corrida, um arrepio percorreu o meu corpo, coração a mil, o impulso, a transposição do sarrafo, o sorriso e os braços abertos ainda no ar. “ passou, passou, passou!!!” Saí gritando e pulando. Delírio....Uma alegria incontida tomou conta de mim e de toda uma nação: a nação dos apaixonados pelo esporte, de quem sabe o quando é difícil um atleta chegar à elite e escrever em números o sacrifício dos exaustivos treinos diários, as dores físicas, as frustrações, o abdicar de festas, vida noturna, excessos da juventude em nome da performance. Tudo isso estava escrito na trajetória que Fabiana fez até ultrapassar aquele bendito sarrafo. Numa fração de segundos toda uma história de luta, entrega, determinação, ao lado do marido e técnico Elson Miranda, que explodiu num grito só na arquibancada, lá do outro lado do mundo, na distante Daegu, Coréia do Sul. Estava escrito. Quase quatro anos depois da frustração imposta a ela em Pequim, num erro imperdoável dos organizadores, Fabiana superava tudo e todos e mostrava ao mundo o que é ser uma campeã mundial.
crônica publicada no rjsports de 1-09-2011

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A FLACEBOOK

http://www.rjsports.com.br/wp-content/plugins/page-flip-image-gallery/popup.php?book_id=52

no link acima a edição do rj sports digital, com a coluna que conta o surgimento da FLACEBOOK, a torcida que torce on  line pelo Flamengo. folheie a edição e leia.

domingo, 24 de julho de 2011

VOCÊ AINDA TORCE PELA SELEÇÃO?

Sabe aquele cachorro que dá um fugidinha de casa pra ver o que o tem de interessante, além das paredes seguras da sua casa e dias depois ele volta todo sujo,cambaleante, dando sinais de quem foi maltratado, escorraçado de algum lugar? Pois é. É essa imagem que me vem à cabeça quando lembro da nossa aventura na Copa América. Pobre do torcedor. Merecia pelo menos um golzinho de pênalti, mas será que a Seleção Brasileira dos dias de hoje ainda tem torcedores? Sei não. Tenho ouvido tanta gente falar que nem torce mais, apenas acompanha o jogo, que torceu mesmo para as seleções mais antigas, de 70, 82...Enfim. A verdade é que a Seleção Brasileira não comove mais o torcedor brasileiro. Nem com títulos, nem com desastres. Acho que hoje em dia o torcedor é mais clubístico. Sente a derrota ou vibra mesmo quando a vitória é do seu time do coração. A seleção passou a ser uma espécie de cobrança do brasileiro. Ele quer vê-la bem, com todos os seus craques, dando banho de futebol, mas também se perder errando quatro pênaltis, ninguém fica de cabeça inchada, nem muito menos triste. Eu particularmente lamentei uma eliminação de uma Copa do Mundo pela última vez em 82, naquele fatídico Sarriá, 5 de julho. Ali sim, doeu. Agora, a galera não está nem aí. Vidinha que segue que nenhum arranhão particular. Por falar em paixão... que bom que o Brasileirão está de volta com força total. Ficar dez dias sem o meu time, isso sim, faz falta e influencia no meu cotidiano. Deixando de lado os meus exageros, quem é que já não estava com saudade de um joguinho do Flamengo, do Botafogo? Caramba! Essas ausências são capazes de comprometer até a saúde do pobre torcedor : a depressão ataca, a motivação desaparece, altera o colesterol (rs, rs). É aí que reaparece a figura do cachorro magro voltando pra casa abatido, cambaleante, cabisbaixo. Quem mandou ir procurar aventura na rua? A sua casa é aqui, em território carioca, onde o sentimento pelo clube é pra valer, legítimo. Não importa se você é Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo....Nesse momento o que importa é que você tem um time, um amor pra chamar de seu. Uma paixão que faz o coração disparar, as pernas tremerem. A seleção precisa reconquistar o torcedor. Do contrário, vai ser igual aquele relacionamento que acabou sem sofrimento . Ficou no passado.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A MÃE DA MATÉRIA (HOMENAGEM DA REVISTA PLACAR)

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A MÃE DE MATÉRIA

Esta reportagem foi publicada na Revista Placar, um mês depois do nascimento do meu primeiro filho, Guilherme. Uma homenagem inesquecível da equipe da revista para mim, que era repórter de Placar na redação do Rio de Janeiro.
Veja no link abaixo.



http://books.google.com.br/books?id=AqN6GECe4osC&pg=PA58&dq=a+m%C3%A3e+da+materia+maria+helena+araujo&hl=pt-BR&ei=rcrwTeHZI6mt0AGW_NGtBA&sa=X&oi=book_result&ct=book-preview-link&resnum=1&ved=0CDcQuwUwAA#v=twopage&q&f=false

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O CRAQUE DA RODADA


O craque chegou cedo ao estádio. O jogo era só nove e meia da noite. Estava concentrado, focado no espetáculo que queria proporcionar. O resto da equipe veio em outro ônibus e chegou logo depois. Fizeram um reconhecimento do gramado, das dimensões do campo. Ficaram todos satisfeitos. O craque queria fazer uma estréia inesquecível. Não que ele quisesse provar alguma coisa a alguém, aos fãs, à galera. Ele queria apenas encantar mais uma vez. E nada melhor que um fim de semana de abertura do Campeonato Brasileiro, quando todas as lentes estão voltadas para muitos estádios, Brasil afora. Antes de mais nada era preciso aquecer, aquecer e aquecer.Afinal o craque não é nenhum garotão. Já é um veterano, mas está em ótima forma, se cuida muito, é até vegetariano e vem mostrando ao mundo que ainda vai brilhar por muito tempo. Dizem os que o idolatram ( e eu sou uma delas), que o craque vai brilhar pra sempre, que suas exibições e performances parecem evoluir a cada apresentação, que ele fascina como um semideus, capaz de figurar na galeria dos melhores de todos os tempos. O craque é tão fascinante que foi até condecorado pela rainha Elizabeth da Inglaterra, berço do futebol.
Mas se aproximava a hora do show que ele prometeu dar. Era hora de vestir o uniforme, testar os instrumentos de trabalho, repassar com os parceiros a sintonia, pedir a benção dos Deuses e encarar um estádio lotado: 45 mil pessoas estavam ali, à espera dele, só para vê-lo depois de tantos anos longe do calor da torcida carioca. A última exibição dele por aqui foi ainda na década de 90, num Maracanã lotado, com 184 mil pessoas. Marca que ele, como um craque coleciona com orgulho, pois entrou para o Guiness, o livro dos recordes. Naquela ocasião, ele lembra bem, choveu uma barbaridade, o gramado ficou pesado, mas ninguém arredou pé e ele fez uma exibição de gala. Seguia formando novas e novas gerações de fãs no Brasil e em qualquer lugar do planeta.
Tudo pronto! Hora de entrar em campo.Delírio da multidão. Uns choram de emoção, outros gritam o nome do craque, paixão que vem de pai pra filho. Nas arquibancadas muitos cantam, exibem fotos, cartazes, frases de amor eterno. O craque parece comovido com a acolhida, milhares de flashes explodem ao mesmo tempo, ele sente estar num “céu de diamantes”. E dá início ao que será lembrado como um das maiores shows de um craque no Engenhão. Que me desculpem, Ronaldinho, Thiago Neves, Bernardo, Lucas, mas quem mais brilhou nos estádio na estréia do Brasileirão, foi Sir Paul McCarthney!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

CARÊNCIAS

A menina andava triste, desanimada, parecia até deprimida. A mãe tratou logo de procurar saber o que estava acontecendo. Afinal, não tinha motivo algum que justificasse aquele comportamento. Aos quinze anos ela ia bem nos estudos, pretendia seguir carreira em educação física, tinha muitas amizades nas redes sociais. Curtia praia, Lapa, Circo Voador . Não namorava, porque não se namora mais hoje em dia,mas “ficava”. Então o que acontecia com a menina?

-Vamos levá-la ao médico- dizia a mãe, para o pai, que reagia como se já soubesse o que se passava com a filha.

- Um terapeuta resolve isso- inisitia a mãe. Pode ser anorexia, porque ela emagreceu muito. Pode ser bulling na escola, sei lá tem tanta coisa!!!!

-Que nada, isso passa. É só uma fase. Adolescentes são sensíveis . Depois eu também estou com os mesmos sintomas – confessava o pai, para surpresa da mãe, cada vez mais intrigada com a situação.

- Como assim? Você está deprimido? Porque?O que que eu fiz pra vocês- perguntava ela, já dominada pela culpa.

- Não fez nada- respondia o pai. É saudade.

- Saudade? Você tem outra? e a nossa filha descobriu e está assim por causa disso....

-Nossa, como você é dramática-concluiu ele.

Mas então... Se não tem outra mulher nessa história, de quem é essa saudade? E o que tem a nossa filha?

-É saudade mesmo, mas é saudade dele!

-Dele??? Então o seu caso não é com uma mulher, é com um homemmm?

-Isso mesmo. E quer saber o nome dele- dizia,para a mulher paralisada.É futebol, sua boba! Saudade do futebol! Estamos há quase um mês sem jogo no Rio. O Flamengo acabou logo com o campeonato e domingo sem futebol não é domingo. Dá uma tristeza, um vazio. Nossa filha sofre do mesmo mal. Já não basta a saudade do Maracanã.. - revelava ele-

-Nossa..garanto que se eu viajasse vocês não iam morrer de saudade de mim– respondia magoada.

-Ah, não fica assim. Sábado começa o Brasileirão e isso tudo acaba – confortava ele.

-Tá certo. Sabe, agora percebo que eu também estava estranha. Sem futebol até a rotina da casa fica diferente. Parece que falta alguma coisa.

sábado, 30 de abril de 2011

A RESPONSABILIDADE DOS ÍDOLOS

O gol é sempre a apoteose de um jogo de futebol, o momento mais esperado, mais sonhado, mais celebrado. Até aí nenhuma novidade, mas trocando idéias com amigos no facebook, li um comentário muito oportuno de Marilene Dabus . Ela se referia à falta de respeito total de alguns jogadores na hora de comemorar os gols. Dizia ela que agora eles cantam e dançam uma tal de “encosta nela e sarra”, com trejeitos e gestos da não menos abominável dança do créu. Enfim, Marilene levantou uma questão que há algum tempo vem acontecendo nos gramados, nos estádios de todo o Brasil e vista por milhares de pessoas, crianças, idosos, adolescentes.....Desde que Pelé imortalizou o soco no ar para celebrar um gol, a forma de comemorar dos jogadores, geração após geração, vem mudando: tem cambalhota, rastejo de pantera, sambadinha ou simplesmente correr para o abraço. É a hora em que todas as lentes, câmeras, máquinas fotográficas, celulares e sabe-se lá mais o quê, registram o momento mais importante; é o ponto de mutação em que nasce um ídolo; em que um jogador aparece pro mundo, se consagra, vira referência para a garotada. E é justamente nessa hora que o candidato a ídolo resolve “comemorar” com gestos grosseiros, numa coreografia que ignora qualquer noção de valor, de educação? Caramba!!!Tá bom, tá bom, já sei que os patrulheiros de plantão, vão me chamar de ultrapassada, de não acompanhar os conceitos do século XXI; de quadrada, atrasada.....Mas me perdoem os meus críticos: isso nada tem a ver com moralismos. Isso tem a ver com uma cultura de respeito e, seja lá qual for a Era em que vivemos, respeito é sempre respeito, não muda munca. Que o mundo está banalizado a gente sabe e sente no nosso dia a dia, ao ler manchetes de jornais em que pais estupram filhos; filho mata os pais;homens violentam idosas, mães jogam fora seus bebês; assassinos promovem massacres em escolas e por aí vai...Pensando nessas barbáries, até que as comemorações pornográficas dos jogadores acabam parecendo inocentes brincadeiras de jardim de infância. Mas é aí que entra a questão. Não seria hora de nossos “ídolos do futebol” aproveitarem o momento de maior visibilidade, para usar a criatividade e mandar um recado mais proveitoso, uma mensagem "do bem", a favor de causas nobres, já que estão sendo vistos por milhares de pessoas? Portanto amigos, não é puritanismo. O gesto que choca, que agride, bem que poderia ter outra conotação. Que tal usar a visibilidade daqueles 15 ou 20 segundos , ao vivo, via satélite, para o mundo inteiro, e fazer o que se espera de quem forma opinião, de quem é referência, de quem é espelho, de quem é ídolo de verdade? Como dizem os amigos da facebook, não se fazem mais Zicos como antigamente.

quinta-feira, 24 de março de 2011

PARA A ETERNIDADE

Ele insistia naquela história. Toda vez que a gente se encontrava, o Tio Valbert vinha com aquela conversa.

“você era botafoguense. Quando você era criança torcia pro Botafogo”- dizia ele às gargalhadas, sabendo que, para mim, dona de um coração rubro-negro, flamenguista de muitos carnavais, aquilo era uma afronta.

Com o passar do tempo fui entendendo a visão do meu tio. Eu não era botofoguense. Na verdade, naqueles anos sessenta, qualquer pessoa, amante do futebol ou não, se encantava com um time que tinha Gerson, Jairzinho, Rogério, Roberto, Paulo César, só pra citar alguns craques daquela verdadeira máquina de triturar adversários e torcidas rivais. O time do Botafogo daquela época seduzia qualquer um, pela qualidade, toque de bola, eficiência. Jogavam por música. Perder de três para eles, era perder de pouco. A gente (rubro-negros, tricolores, vascaínos) já ia ao estádio sabendo que íamos ser atropelados por um rolo compressor, sem a menor piedade. Não por acaso aqueles jogadores foram bicampeões em 67-68 e brilharam na copa de 70. Gerson lançando, Jairzinho fazendo gols memoráveis lá na frente. E não eram lançamentos comuns. Eram passes precisos de 40 metros de distância. É fechar os olhos e rever na lembrança alguns desses gols. Num deles, Gerson achou Pelé lá na área, veio a matada e o chute sem defesa.

Aquela geração de jogadores do Botafogo marcou época, dentro e fora dos campos. É daqueles times que a gente lembra da escalação de cabeça até hoje. Tinha aqueles que iam ao estádio só pra ver a exibição. Não precisava nem ser torcedor. Era uma platéia, à espera do espetáculo. E, com certeza, nesse período, a torcida do Botafogo ganhou inúmeros adeptos, cresceu, conquistou status de grande torcida, a encher o Maracanãs, Morumbis, Pacaembus....

Não, eu não era botafoguense, tio. Era uma “vítima” daquele futebol mágico. Tinha uma relação de admiração e ódio mortal por causa das goleadas que via o Flamengo sofrer em campo. Essa semana o coração do meu Tio Valbert, tricolor incorrigível, almirante, ex-ministro das forças armadas, parou de bater. Nâo tivemos tempo para uma conversa definitiva sobre essa polêmica, que seguiu com ele para a eternidade.

* COLUNA PUBLICADA NO JS DIGITAL EM 24-03-2011

quarta-feira, 16 de março de 2011

CIRANDA DO FUTEBOL

Semana movimentadíssima a que passamos. As coisas foram acontecendo, nos atropelando. Coisas boas e coisas que lamentamos. É claro que me reservo ao mundo do futebol, sem esquecer a trágica situação lá do outro lado do planeta. Ou será que não é mais outro lado do mundo, já que o terremoto no Japão fez a terra mudar de eixo? Bem, se ficar tentando entender as conseqüências de tamanho desastre da natureza vou entrar por um caminho nada alegre. O futuro é sombrio. Então, que tal aproveitar a vida e voltar ao mundo da bola¿ Melhor assim! Mas eu ia dizendo que a semana foi muito movimentada. No Vasco, tão precisado de uma injeção de clube grande, surgiu uma luz no fim do túnel e essa luz se chama Bernardo. A julgar pelo que ele fez em campo no fim de semana, com seus três gols e jogadas de talento, estamos diante do nascimento de um novo craque. Calma, calma, dirão os que têm os dois pés no chão. Eu, como vivo flutuando, no mundo das nuvens, prefiro acreditar que o garoto é mais um da safra que já não é mais tão inesgotável assim no nosso futebol. Desde o surgimento de Paulo Henrique Ganso e Neymar estávamos esperando pela aparição de outros fenômenos. Seria Bernado? E a semana teve também a saída de Muricy Ramalho, que adorou o Rio de Janeiro, chegou a se sentir em casa em Ipanema, mas não suportou a precariedade das condições de trabalho do clube, que, aliás, ele levou ao título brasileiro, apesar de tantos problemas. Muricy, em entrevista, falou das péssimas condições do campo de treinamento, que causavam seguidas contusões. Se pararmos pra pensar, vamos ver que o departamento médico do tricolor anda sempre lotado: Freds, Decos, Emersons que o digam. Mas a verdade é que o homem foi embora, sem conseguir resolver o problema dos buracos e, quem diria, ratos na outrora tão aristocrática Laranjeiras. Uma pena. O futebol carioca perde o melhor técnico brasileiro. Falei em Ganso aí em cima e pra nossa alegria ele voltou, depois da cirurgia. E parece que voltou melhor ainda. Marcando gols, enfiando bolas inacreditáveis. Maravilha!! Ah...e teve também a mudança na tabela do Campeonato Brasileiro. Para evitar favorecimento nos jogos finais, que definem o campeão, por conta de rivalidades ou de desinteresse mesmo de quem já não almeja nada mais na competição, a última rodada vai ser recheada de clássicos, com protagonistas que, possivelmente estarão disputando o título ou diretamente interessados em resultados, por conta de Libertadores, Sul Americana...Tomara que dê certo. Era muito chato passar o ano todo torcendo ponto a ponto em eletrizantes campeonatos e chegar na última rodada pra ver jogos em que só o interessado no título jogava. O adversário era um misto quente, desmotivado e, já de olho nas férias. Depois, clássico é sempre clássico..Vamos combinar, né?

sexta-feira, 4 de março de 2011

FESTA NO CÉU

“A festa no céu tá bombando, papai tá tirando onda com o Chirol, Saldanha e Touguinhó!!! Papai é o Rei da zoação!!!! rs rs rs”
A mensagem acima apareceu no meu facebook tão logo o juiz encerrou o jogo em que o Flamengo conquistou a Taça Guanabara, no domingo. Vinha com nome de mulher e sobrenome famoso: Areosa. Era a Adriana, filha do saudoso João Areosa, amigo de muitos títulos do nosso Flamengo, de muitas redações, de muitos bares e comemorações noite adentro. Adriana tinha razão. O João, que nos deixou no ano passado, devia mesmo estar tirando o maior sarro desses inesquecíveis botafoguenses, com quem trabalhei e tive também que aturar muita zoação quando o Flamengo perdia para o Botafogo, especialmente quando eles tinham um certo time onde Gerson, Jairzinho, Paulo cesar jogavam por música. Mas agora eles estavam aturando o João, um gozador nato, que, com certeza, se juntou ao Zózimo, Baffinha, Aristélio, Dias Gomes, pra celebrar em meio às nuvens mais um título rubro-negro, a décima nona Taça Guanabara. São Pedro bem que quis fechar o bar mais cedo, mas o João é profissinal! Sempre tinha a saideira e mais uma e mais uma, exatamente como era aqui nas mesas da Fiorentina, da Majórica, do Lamas, da Bella Blu. O empregado jogando água e sabão pra lavar o chão, quase nos expulsando e a gente resistindo, enquanto houvesse um brinde a fazer e papo pra gastar. O rubro-negro João Areosa para quem escrevo hoje, mais do que um gozador, era um emotivo. Certa vez, na TV Manchete, fiz uma matéria especial em homenagem ao Zico. Fomos assisitr de dentro do switcher, onde fica a parte operacional que efetivamente põe o programa no ar. Fiquei bem ao lado do João, porque queria ver a reação dele. João era um cara forte, lutador, físico avantajado e eu começando a trabalhar em TV. Dependendo da reação dele, saberia se a matéria estava boa ou não. Matéria no ar, olhei de rabo de olho pra ele e pasmei...aquele homão estava chorando. Uma lágrima escorreu pelo rosto e eu tive duas certezas: que a matéria estava emocionante e que o João só tinha tamanho: no fundo, no fundo era uma criança emotiva. É claro que ele disfarçou, me deu um pescoção, como só o João saberia dar e um abraço. Começava ali, com o aval de um craque do texto, a minha já longa carreira televisiva. Mas voltando à festa no céu, quando São Pedro finalmente conseguiu baixar as portas do bar, João saiu levando a garrafa de whisky debaixo do braço. Foi se sentar na beirada de uma nuvem pra espiar a festa na terra. Viu a nação em êxtase e o novo ídolo Ronaldinho Gaúcho pilotando um trem sem freio. Levantou o copo e fez mais um brinde. É campeão!!! E hoje, 3 de março, tem mais uma chopada no bar de São Pedro. Afinal, é aniversário de Zico. O galinho faz 57 anos e o João , de quem herdei esse espaço aqui no JS, não vai perder mais uma comemoração.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

TOM, 84 ANOS


É PAU , É PEDRA, É O FIM DO CAMINHO......

A LETRA ANTOLÓGICA DE ÁGUAS DE MARÇO FOI ESCRITA NO SÍTIO DO POÇO FUNDO, AGORA DESTRUIDO PELA TRAGÉDIA NA REGIÃO SERRANA./

NEM O PRÓPRIO COMPOSITOR IMAGINOU QUE UM DIA ESSES VERSOS TERIAM UM TOM..... DE PROFECIA./

MAESTRO DA ECOLOGIA, AMANTE DA NATUREZA, COMPÔS EM SOL MAIOR A BELEZA DO RIO, PARA QUEM FEZ ATÉ UMA SINFONIA.

ETERNIZOU A GAROTA.....BOTOU IPANEMA NO MAPA MUNDI....SUBIU O CORCOVADO NAS ESCALAS MUSICAIS.

TRANSFERIU ATÉ O VELHO PIANO PRO ALTO DA MANGUEIRA.

ANTONIO CARLOS BRASILEIRO DE ALMEIDA JOBIM, CARIOCA DA TIJUCA, BATIZADO NAS ÁGUAS DO ARPOADOR, CRIADO NAS AREIAS DO POSTO NOVE. UM GÊNIO, ETERNIZADO EM CADA CANTO DA CIDADE MARAVILHOSA.//

(obs: o texto encerrou o rj record de 25-01-2011, quando Tom faria 84 anos)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

MORTE E DOR

A DOR, EM ESTADO LÍQUIDO, DESCE SOLITÁRIA NO SEMBLANTE JOVEM

É UMA RUGA A MAIS NO ROSTO SOFRIDO DA VELHA SENHORA.

AOS PÉS DO CORPO INERTE REPOUSA A EFÊMERA PASSAGEM DA VIDA.

A MORTE SE AMONTOA. A IMAGEM FORTE NÃO ESCAPA À LENTE DOS SIMPLES MORTAIS.

OLHOS INCRÉDULOS

PÁLPEBRAS INCHADAS

NA FILA PARA ACHAR SEUS MORTOS, UM FIO DE ESPERANÇA, QUE LOGO SE DISSIPA VIA CELULAR

O DIÁLOGO É A MAIS DURA TRADUÇÃO DA REALIDADE:

- FOI DIFÍCIL ENCONTRAR?
- NÃO, TAVA TUDO JUNTINHO.
-QUANTOS SÃO?
-CINCO

O SOFRIMENTO DE BRASILEIROS CORRE O MUNDO, COM MUITOS SOTAQUES.

A MÓRBIDA COREOGRAFIA DAS PÁS CONSTRÓI O PASSADO.

O BARRO É O ÚNICO HORIZONTE, PARA QUEM FICOU SEM FOCO NO FUTURO./

DOR, SOLUÇOS, MURMURIOS EM FORMA DE PRECE

COMO A CHUVA, A REALIDADE É IMPIEDOSA.


(A CRÔNICA FOI AO AR NOS TELEJORNAIS DA RECORD,DURANTE A TRAGÉDIA NA REGIÃO SERRANA DO RIO)

RENASCER

menina médica,
jovem cientista
moça dedicada
mulher delicada
menina menina
tu, que me devolveste o ser menina de novo
te agradeço e te ofereço o meu afeto
senhora que me fez redescobrir a vida

(para Sara Bragança)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

PASSIONE

Os noveleiros simplesmente adoraram! Nos últimos dias acompanhamos os capítulos decisivos de duas, eu disse duas, novelas ao mesmo tempo. Quem aguçou mais a curiosidade dos telespectadores, internautas, torcedores: Totó ou Ronaldinho Gaúcho? Difícil saber. As “tramas” tiveram muitas coincidências. A começar pela interferência de personagens italianos. Os capítulos, ansiosamente esperados por uma legião de fãs, tiveram várias reviravoltas, idas e vindas, desconfianças, estratégias, traições, mistério, revelações. Ronaldinho namorou o Grêmio, chegou a flertar com o Palmeiras, mas preferiu o amante rubro-negro, com seus mais de trinta e cinco milhões de torcedores. Totó armou direitinho, com a ajuda de um time de craques, na pele de Dona Beth, Dona Gemma. Chegou a morrer para, dias depois, ressuscitar. Totó despertou a surpresa e o ódio de Clara. Igualzinho Assis e Ronaldinho fizeram com os corações gremistas e palmeirenses. E tudo isso movido por quê? Pela “passione”, é claro. “Passione “do brasileiro por novelas e pelo futebol nosso de cada dia, naturalmente. Só protagonistas do quilate de Ronaldinho Gaúcho e Tony Ramos, seriam capazes de manter uma platéia sem piscar, à espera das cenas dos próximos capítulos. E tudo caminhou para um final feliz. O The End aconteceu, com a assinatura de Silvio de Abreu e com a assinatura de Ronaldinho, que nos próximos quatro anos vai reinar na Gávea. Pelo menos é o que a nação rubro-negra, em estado de graça, espera dele.A história de “Passione”, com totós, claras, freds ficou para trás. Mas o caso de “Passione “entre o Flamengo e Ronaldinho está só começando. Os primeiros capítulos foram frenéticos, cheios de emoção, muita festa, brindes, altíssimas cifras. Agora, daqui pra frente, vai depender do desempenho dele, como astro principal , manter essa chama acesa, presentear não só os rubro-negros, mas os amantes do futebol, com atuações dignas de um verdadeiro artista, capaz de contracenar em grande estilo com a bola e com um elenco, onde até mesmo Thiago Neves, também contratado pelo Flamengo, se tornou, nesse momento, um mero coadjuvante.

Ronaldinho atraiu os holofotes do mundo para o Flamengo- disse a presidente Patricia Amorim. Tem razão. Apesar de hoje ele não ser sequer a sombra do jogador que encantou no futebol europeu, aos trinta anos, ainda acumulou fama suficiente para ofuscar qualquer celebridade chegada a manchetes, do tipo Amy Winehouse ou as trágicas notícias das chuvas na região serrana do Rio. O que todos esperam é que, assim como Totó, Ronaldinho ressuscite o enorme talento que possui e mantenha viva a “passione”.