sábado, 6 de outubro de 2012

COBERTOR

Nenhum cobertor vai me aquecer. Não, não é pessimismo. É a vida. Mistura do que VI e do que me DÁ. Vida! Precisava ser tão angustiante? Tão generosa e, ao mesmo tempo, impiedosa? Nenhum cobertor vai me esconder do mundo lá fora, como uma cabaninha daquelas da infância, onde a gente achava que estava protegida dos nossos monstros, imaginários ou não. Agora a infância se foi, a adolescênci
a só deixou lembranças, a mulher brotou, e a maturidade é implacável: enxerga com lentes que aumentam tudo, do ceticismo à ilusão, da paixão à razão, do viver ao morrer. Nenhum cobertor vai encobrir o nó da minha garganta, a lágrima que corre na face esquerda e contrasta com um sorriso tímido, que nasce do canto da boca. Sentimentos antagônicos, incoerentes, coerentes com a minha alma aflita, à procura de uma paz abstrata, que nem sinto, nem vejo, nem toco, nem percebo, nem vivo. Eu não tenho um cobertor.

sábado, 18 de agosto de 2012

DIAGNÓSTICO



A menina passou a apresentar um comportamento incomum da noite para o dia. Não, não era problema no colégio ou o primeiro namorado. Era algo a mais. Estava emotiva, além do que permitia o normal para uma pré-adolescente de 11 anos. Escutava música e corriam as lágrimas pelo rosto. Novelas, ela já vinha evitando....A mãe, como toda mãe, observava, mas nada concluía. Apetite, nenhum, sono agitado, palpitação. Era preciso consultar um médico. E lá foi a menina, mãe a escoltá-la, cheia de esperanças de uma solução, de que não fosse nada grave. Fizeram exames: nada. Apenas o coração batia num compasso mais acelerado. O médico pediu à mãe que os deixasse a sós no consultório. A contra gosto, a mãe saiu batendo a porta atrás de si, pensando no que poderia o médico  querer conversar com sua filha, que ela não pudesse saber. Quase uma hora depois a porta do consultório se abriu. A menina tinha um semblante mais aliviado, mais motivado, até feliz mesmo. A mãe pensou: o que teria dito o médico a ela pra que uma mudança tão rápida se processasse....O médico tinha em mãos a receita do que a paciente deveria tomar. A mãe, aflita, quis saber o diagnóstico, o que deixava sua filha tão infeliz? E o médico foi categórico: é paixão!!!!! A mãe teve um choque, achava que a filha era nova demais pra sofrer de amor. E o médico explicou que na receita estava a solução para resolver esse emocional da menina. Abriu e leu as instruções: leve a paciente uma vez por semana , pelo menos, para ver jogos da sua paixão, o Flamengo. 2. Deixe que ela use uma camisa do clube, sempre que quiser. 3. Em caso de vitória deixe-a extravazar toda a sua alegria. 4. Em caso de derrota, não é problema...os sintomas de depressão desaparecem no próximo jogo. 5. Permita que ela viva essa paixão todos os dias, sem repressões, sem limites.
Obs: A menina ficou curada, sem sequelas, mas não descuida do tratamento. Até hoje vive intensamente a sua grande paixão!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

HERANÇA


- Não sei o que fazer, tô stressada, amiga, com essa fase do Flamengo, tá me fazendo mal.

O desabafo foi comovente e, de certa forma me surpreendeu, porque não era um lamento de uma torcedora. Era muito mais que isso. Era a explosão de sentimento de quem herdou nessa vida algo de precioso. Não foi uma herança em dinheiro, em jóias, em imóveis, nada disso. A herança que a minha amiga recebeu do pai, João, foi uma paixão. Sim, uma paixão! Adriana, a filha do João, sempre foi rubro-negra, mas quando o pai se foi, deixou com ela algo que ela interpretou quase que como uma missão: dar continuidade nessa vida à paixão que João Areosa tinha pelo seu Flamengo.Jornalista de muitas coberturas esportivas, editor dos principais jornais e revistas do país, João se transformava quando o assunto era o Flamengo. Torcia feito louco, delirava nas vitórias, sofria calado nas derrotas. E no último domingo, quando o Flamengo perdeu mais uma nesse brasileirão, por um a zero para o Cruzeiro, o peso da herança recaiu sobre as costas de Adriana, filha fiel e saudosa, que se encarregou de manter viva essa chama. No fundo no fundo essa foi a forma especial que ela encontrou de manter o pai bem vivo perto dela. Ela sabe que ele está lá no céu e não vê com bons olhos o péssimo momento que o clube mais querido do Brasil atravessa. A torcida teme até que venha um rebaixamento, se nada for feito a tempo de mudar o rumo da equipe nesse campeonato. Se vivo fosse, João diria para botar os meninos em campo. Afinal ele viveu de perto os anos de ouro em que todo mundo dizia: " craque o Flamengo faz em casa". E dessa "máxima" surgiram Zico, Adilio, Andrade, Leandro, Tita, Junior...Tá bom pra você? Então porque não repetir a receita agora e dar uma chance para Adryan, Thomas, Matheus...... A hora é essa! Os meninos podem dar uma solução caseira para um clube atolado em dívidas, sem caixa pra comprar craques consagrados.
Daqui do meu cantinho faço um apelo a quem quer que vá comandar o Flamengo daqui pra frente: " dá uma trégua pro coraçãozinho da Adriana, que sente cada derrota como se fosse uma dívida com o pai!" Só as vitórias são capazes de devolver-lhe a paz e botar a consciência dela em dia com a herança que o João deixou.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

100 ANOS DE EMOÇÃO

Não, não vou ser mais uma a falar de Corinthians. Foi uma overdose. Nunca se viu tanta exposição de um mesmo assunto nas mídias – tv, radio, jornais, internet, redes sociais -. Chegou a cansar. Um massacre, lavagem cerebral. Foi um final feliz e merecido. Mas, como somos cariocas e estamos mais orgulhosos do que nunca, com o nosso título inédito de Patrimônio Cultural da Humanidade, que a UNESCO concedeu à cidade maravilhosa- título aliás pra lá de merecido também – vamos falar agora do centenário de outro patrimônio dessa cidade: vamos falar do centenário do Fla x Flu, o clássico mais charmoso do futebol, é o que todos dizem. Pois acho que é mais do que isso. Faz parte da história dessa cidade, passa de geração em geração, de Nelson Rodrigues a Ary Barroso, de Chico Buarque a João Bosco e por aí vai. Haja história, haja gol pra contar!!! Foram tantos, sempre disputados sem favoritos, Um espetáculo lindo de se ver e que jamais se repetirá . Quem viu, viu: o Maracanã lotado. Metade rubro negro, metade tricolor. Quem não viu, não vai ver mais. O estádio está sendo totalmente remodelado. Não tem mais o delicioso desconforto dos arquibaldos e geraldinos. Agora a capacidade vai ser, acho que 70 mil pessoas. E pensar que eu já fui no Maraca com 183 mil pagantes – fora os penetras . Era gente saindo pelo ladrão, pra ver craques que ficaram só na memória de quem viu, sentiu, sofreu, vibrou, chorou, sorriu. Domingo tem mais um Fla x Flu, o centésimo de uma trajetória de tradição. Quem vai vencer e carimbar o nome na história? Não importa. O simples fato de estar presente, de poder acompanhar o clássico no seu centenário já é uma vitória emocionante. Quem vence sempre que tem um Fla x Flu, com certeza, é o futebol brasileiro.

Coluna publicada em 06-07-2012

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O CARA DA VEZ

COLUNA TOQUE DE LETRA




-Um doce se você me disser quem é o cara da vez no futebol? – perguntou o português da padaria ao Gilson, que tomava uma cerveja no balcão.

-Ah, seu Manoel , não vai me dizer que é o Cristiano Ronaldo, que foi até eliminado na Eurocopa. O cara nem fez muita coisa, não. Parece que só jogou bem um jogo. Então , ele não é.

- Olha, Gilson, é tão fácil essa resposta. Se você acertar, a rodada de cerveja sai por conta da casa – instigava o seu Manoel, tirando onda com o pobre do Gilson, cada vez mais curiosa.



- Se não é o Cristiano Ronaldo, que é o seu ídolo, pode ser o Messi...

-Não, Gilson, que Messi que nada. Messi é um cara consagrado, apesar de ter perdido a copa dos campeões pro Chelsea. To perguntando quem é o cara da vez.

- Ah, matei!!!!! Claro, como pude esquecer....é o Neymar, cracão, cobiçado pelos europeus, genial. Acertei , né..... Pode pagar a cerveja....- cobrou o Gilson, crente que tinha acertado a reposta.



O seu Manoel ria do freguês, saboreava a pegadinha, que deixava o Gilson tão encucado.



- Não Gilson, você esgotou todas as respostas e errou todas – sentenciou o português.



- Como assim? – perguntou o Gilson.

-Posso te dizer quem é o “ o cara da vez” no futebol?

- Pode, só quero ver....

- É o Romarinho, ó pá!!!!

-Quem???? Perguntou o Gilson, incrédulo.

- Isso mesmo. O Romarinho é o cara que calou a Bombonera. Fez o gol de empate que pode dar o título inédito da Libertadores ao Corinthians. A torcida do Boca cantou sem parar o tempo todo, Romarinho entrou em campo e no primeiro toque na bola fez o gol de empate. Foi uma ducha de água gelada, um silêncio de velório na Bombonera. O moleque é novinho. Entrou no fimde semana passado contra o Palmeiras, pelo Brasileiro e meteu dois. Agora entrou já quase no final e pimba!!! É um iluminado. Saiu no anonimato do Bragantino e da noite pro dia virou o meior ídolo da Fiel Corithiana. É ou não é o cara?

-Tá certo, seu Manoel....Você me convenceu. Põe mais uma gelada aí. Que Cristiano, que Messi, que Neymar. O cara da vez é Romarinho!!!!!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

BOTAFOGUENSES



Tenho dois filhos botafoguenses. O que isso quer dizer? Bem, se você pensar pelo aspecto simplesmente esportivo, do futebol, não quer dizer nada demais. Poderiam ser torcedores de outros times e nada demais. Mas se você pensar pelo aspecto social, psicológico, neurológico, físico, comportamental ,que fazem parte da normalidade de uma pessoa, vai ver que mais do que dois filhos, tenho eu o desafio de conviver com “seres únicos” e um elemento extra, adotivo, chamado “superstição” que é tão importante quanto o ar que eles respiram. Eles são mesmo esquisitos, cheios de manias, de crendices e isso é secular, desde os tempos de Carlito Rocha, que um dia, em véspera de decisão, num treino, apreciava a beleza do Cristo Redentor, de braços abertos sobre o gramado de General Severiano . De repente uma nuvem negra cobriu a estátua. Ele olhou, olhou e não pensou duas vezes: acabou com o treino...”aquilo era um mau presságio”! Até o cachorro Biriba, um viralatinha preto e branco entrava junto com o time em campo, porque dava sorte. Será que vem daí o batismo de “cachorrada” para a torcida alvi-negra? Bem, os historiadores saberão esta resposta. O que os historiadores não sabem e nem os deuses do futebol explicam é porque esses “seres botafoguenses” são tão, digamos, esquisitos, com todo respeito, é claro. Capazes de xingar com altos palavrões o ídolo do seu time que acabou de fazer um belo gol....Um tipo de desabafo, de grito contido, que sai em forma de xingamento. É exclusividade deles. E esteja prevenido se decidir ver o jogo ao lado deles. Seja no sofá da casa ou na arquibancada, ou por um site qualquer na internet. Para sobreviver é preciso ser imune aos efeitos da bipolaridade. O time vence fácil por cinco gols e aos 45 do segundo eles levam um golzinho. Pronto!”Olha aí, não vacila, que eles empatam”- pensará e dirá aos berros qualquer botafoguense normal. Talvez daí venha, quem sabe, o ditado de que têm coisas que só acontecem ao Botafogo. Eles devem trazer traumas terríveis que passam de geração em geração,de outras encarnações. A última decisão entre Botafogo e Fluminense no Carioca aconteceu há exatos 41 anos e foi 1 a 0 Flu, com aquele gol do Lula, que até hoje rende discussão. Foi falta, não foi falta.....Pois agora muitos botafoguenses que nem eram nascidos, como,por exemplo meus filhos, vão se vingar, zerar o que ficou engasgado. E nesse turbilhão de emoções, ser mãe de botafoguense é um karma nessa vida. Durante o jogo, especialmente se for contra o meu time, finja-se de morta, não dê um pio sequer, não emita nenhuma opinião, não faça expressões faciais que os desagrade, não contrarie. Véi, na boa, o melhor que eu faço é me afastar sorrateiramente, ir ver o longe bem longe. É um transe de noventa minutos, mas que pode ser maior, porque o stress começa desde a hora que eles acordam: Já abrem os olhos e, com sorte, você escuta um “bom dia”. É preciso relevar: são botafoguenses e não por acaso têm um ídolo que se chama Loco e que veste a camisa 13. Aliás, eles andam cochichando entre si que contam com um grande reforço para a decisão: O jogo vai ser num dia 13, da sorte, do Zagallo e de maio, data em que se comemora a abolição da escravatura no Brasil. Mas posso garantir, como mãe experiente de Maryna e Guilherme que sou: a carta de alforria esses “seres”jamais receberão . Vão ser eternos escravos da estrela solitária.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

VALE TUDO



Bem. Depois de um recesso forçado, aqui estou eu novamente para ocupar esse espaço no nosso Jornal de Itaboraí. E retorno num dia especial , porque escrevo logo depois do apito final de Internacional e Fluminense, no Beira Rio. Quem , como nós, já se acostumou a ver os jogões da liga dos campeões, do campeonato espanhol e outros na Europa, se pergunta se estamos falando do mesmo esporte quando assiste a um clássico do futebol brasileiro. Lá, no velho continente, a bola rola, calma, tranquila, sem faltas, truculências. O jogo é na bola. Aqui, especialmente no jogo do Beira Rio, foi um festival de brutalidades, com jogadas de alto risco, entradas desleais, socos, pontapés, carrinhos criminosos, daquelas que podem inutilizar um craque. A cada segundo um apito, uma falta, um cartão, uma reclamação....Ufa, estamos falando do quê mesmo? Ah sim, é futebol. Mas onde estão as jogadas ensaiadas, o toque refinado, o lançamento, o toque de efeito? É meu amigo, não há nem tempo, nem espaço pra isso no nosso futebol. E, infelizmente nossos técnicos precisam urgentemente ensaiar jogadas à prova de violência. Jogador tem que acertar o passe, a cabeçada, o chute, o gol, mas pra isso é necessário saber driblar a pancadaria que se vê, principalmente quando times grandes como Inter e Flu se enfrentam. A impressão que se tem é de que o único jeito de parar o adversário é mesmo a porrada. Sabe aquele zagueiro ou volante que tira a bola limpinha, se antecipa num lance, sem nem tocar o adversário? Pois é. Pode esquecer...Isso é coisa do passado. Do tempo em que o futebol era jogado por um Leandro, um Mauro Galvão, um Gamarra, que conseguiu passar uma Copa do Mundo inteira sem fazer uma falta sequer...A verdade é que , na ausência de recursos, o jogo fica feio, truncado, pegado demais, parado demais. Quem perde é quem paga um ingresso caro para ver o que deveria ser um espetáculo. Não sei nem quantas faltas foram marcadas ( fora as que o juiz não apitou) , mas com certeza foi o anti-jogo que prevaleceu. Quem jogou mais? Ninguém. Quem bateu mais? Todos. E também deu empate nesse quesito. Uma pena. O futebol brasileiro já foi mais classudo, mais bonito de se ver, mais leal. Ao final da partida vi jogadores trocando camisas, se abraçando, dividindo afagos...E pensar que minutos antes estavam se matando, distribuindo botinadas, sem pensar nas consequências de machucar seriamente um colega. É preciso pensar em punições mais rigorosas, que sejam capazes de inibir tanta violência. Do contrário, o nosso futebol vai ser disputado em octógonos, onde vale tudo.
coluna publicada em 27-04-2012

segunda-feira, 23 de abril de 2012

acabei de ver uma longa entrevista do tom jobim na tv cultura, num link que publicaram no face. a entrevista era de 1993 e ele parecia não acreditar em mais nada na vida. num determinado momento disse até que detestava música, que não aguen...tava mais. e disse tb que a ipanema que ele cantou de decantou ficou só na imaginação. acho que essa casa podia bem estar na lembrança dele. um ano depois da entrevista(1994) ele nos deixou. acho que se fosse vivo hoje estaria triste demais com o que se vê pelo mundo. as barbáries, a corrupção, o desrespeito à natureza, a covardia com os animais, a pressa que nos impõe a tecnologia. acho que Tom foi poupado disso aqui.Ver mais
RUA PRUDENTE DE MORAIS 1928 ESQ. C/ MARIA QUITERIA

domingo, 11 de março de 2012

VIDA!

Então é isso! A gente nasce, cresce, amadurece, envelhece e

Se dissolve.

A gente luta, reluta, desfruta, labuta e...

Se desfaz

O mundo se lança, sem temperança, avança e a gente

Descansa

Então é isso!!!!

(Maria Helena Braun)


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A FLACEBOOK

Era um sábado, seis de agosto de 2011. O brasileirão estava na décima quinta rodada e o Flamengo jogava com o Coritiba. Vi o jogo no PFC e, como sempre estava on line, mais especificamente no facebook. Aquilo já estava virando um hábito: jogo e internet, onde comentávamos no mural  as jogadas, xingávamos o juiz, dividíamos nossas aflições, alegrias...enfim torcíamos juntos. Quase sempre era o mesmo grupinho: eu. Adriana Areosa, Maé, Marilene Dabus, Renan....Interagíamos como se estivéssemos nas arquibancadas de um estádio. Aí, quase ao final do jogo, tive a idéia de criar um grupo dentro do facebook: a Flacebook, claro freqüentado exclusivamente por rubro-negros como eu. Ali sim, poderíamos compartilhar tudo sobre o Flamengo. O slogan é Flacebook, a torcida que torce on  line. Repassei a idéia, todos adoraram e Adriana Areosa, filha do saudoso jornalista João Areosa , um rubro-negro até a raiz dos cabelos, criou o grupo e ficou como administradora. Nascia assim a primeira torcida on line do Brasil- não há registro de outras . Existem sim páginas de clubes e derivadas, mas grupo de torcida on line é realmente a primeira de que se tem notícia. E nascia sob o signo da vitória-  Flamengo ganhou por 1 a 0 do Coritiba e se tornou líder do brasileirão. E foi uma avalanche, que me assustou. Logo eu que não sou exatamente uma expert nesse mundo virtual-tecnocrata, havia criado uma espécie de Charanga Virtual. Pra quem não sabe ou não lembra, a Charanga do Jaime de Carvalho, foi a primeira torcida organizada de futebol do Brasil, que tinha músicos incansáveis a tocar durante todo o jogo, incentivando o Flamengo. Ficava ali nos primeiros degraus das arquibancadas do maraca,  à esquerda das cabines de rádio. Nos primeiros dias a Flacebook me assustou, porque ganhou adeptos numa velocidade impressionante: 100, 200, 300. No jogo seguinte do Flamengo contra o Figueirense , já éramos mais de 350. Renan já estava criando a logomarca, linda por sinal, mais e mais flamenguistas pediam para serem adicionados...Uma festa virtual rubro-negra com certeza. E assim é atualmente. Segunda que vem, dia 6 de de fevereiro, completaremos meio aninho de vida. Bombando, como diz a galera. Já estamos a caminho de 2 mil integrantes.Durante os jogos são muitos os posts,  centenas de diálogos, compartilhamentos, opiniões, chororôs, risadas, exatamente como foi durante o jogo Flamengo e Real Potosi, anteontem.. A bola  rolando e nossos corações quicando de emoção. Que venham muitos jogos, que venham muitas vitórias e que a nossa mascote virtual tenha muitos posts de vida.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

TEMPO!

O barulho podia ser ouvido ainda no hall dos elevadores. Quanto mais a gente se aproximava, mais aumentava aquela sinfonia de teclas e o burburinho dos redatores e repórteres. Não havia dúvida: aquela era uma redação de jornal. As dezenas de laudas transformadas em bolinhas amassadas que iniciaram um texto, mas que foram desprezadas pelo próprio autor, coalhavam o chão, por onde circulavam jornalistas, num vai e vem frenético de hora de fechamento da edição em primeiro clichê. Na diagramação chegavam as fotos, para serem escolhidas. Só uma iria ilustrar a página. E tantas belas fotos voltavam pro arquivo, acomodadas em pastas de papel. Já era tarde, quase onze da noite, Jornal fechado, edição na oficina, no linotipo, a prova de página chegando, quentinha, pra ser aprovada ou corrigida e enfeitar as milhares de bancas de jornais no dia seguinte, cedinho, para serem lidas, devoradas por leitores entre um gole e outro de café da manhã. Era bom ver a nossa matéria publicada, assinada, trazendo uma notícia fresquinha, em primeira mão, quem sabe um furo...que alegria. Estávamos nos anos 60, 70. Computar era só um verbo. Navegar era preciso sim, mas em águas tranqüilas, apagar da mente não era deletar; era esquecer, pesquisar era uma árdua tarefa, trabalho demorado, em bibliotecas, manuseando livros velhos e desgastados,  paciente, sem a velocidade do Google que nos torna cada dia mais mecânicos e menos preparados . A memória era gigantesca, cabia muito aprendizado e a ampliávamos automaticamente, a medida que uma nova informação era captada por nossos cérebros. Control c, control v ¿ ah, que facilidade copiar um texto hoje!!!! Cartas, bilhetes, recados, manuscritos, postados sim, mas nos correios e que, em alguns dias ou meses estariam chegando ao seu destino. Tempo, tempo, és uns dos deuses mais lindos , diz a musica. E és um dos desafios mais interessantes  para  quem nasceu, cresceu, trabalhou no século passado, sob a batuta e os acordes das “pretinhas” (maquina de escrever) e que hoje acessa tudo e todos num simples toque do seu celular. Assusta¿ Assusta. E pensar que essa rapaziada nunca fez um titulo de 3 de 15, nunca manchetou uma página, nunca esperou ansioso pela revelação da foto que  fez num flagrante de pura sorte, com a sua Nikon, com teleobjetiva de 400. E revelou-se a sua enorme ingratidão, diria o maestro no tom daqueles anos, de dias mais calmos, preguiçosos, que estavam   à espera da grande revolution,  onde moram gerações de pânico, toc, depressão, stress,em que o dia não tem mais 24 horas e sim 16. Tempo, tempo, és eterno e, no entanto, passas hoje numa velocidade que não deixa rastro do que um dia já fomos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SÓ NA MEMÓRIA

Fluminense x Friburguense; Flamengo x Bonsucesso; Botafogo x Resende e Vasco x Americano. Sim ,esses são os jogos dos chamados grandes do Rio na primeira rodada do Campeonato Carioca, pela  Taça Guanabara, que começa.....quando mesmo¿ Gente!! Começa depois de amanhã. Isso mesmo, ninguém fala, mas começa sábado com 8 jogos, entre 16 clubes. Não fosse pela tabela estampada nas páginas de cadernos esportivos e eu nem me dava conta disso, como sei que muita, mas muita gente mesmo, nem está se ligando no pontapé inicial desse emocionante campeonato. Bem, vamos parar de brincadeiras e ioronias. Futebol carioca ( assim como todos os outros regionais) é coisa séria, tem uma enorme tradição. Nele mora o Fla x Flu; o Maracanã ( antes da reforma); Garrincha, Zico, Roberto Dinamite, Castilho. Figuram na memória   partidas espetaculares, estádios lotados, fosse no Maraca ou em Ítalo Del Cima, lembra, do Campo Grande¿ Do America, campeão em 1960, que construiu um belo estádio em Edson Passos para cair no esquecimento; do São Cristóvão, também um ex-campeão , onde surgiu o fenômeno Ronaldo.....Onde foram parar esses clubes¿ O que foi feito da nossa história, das nossas raízes futebolísticas, das camisas e emblemas desses times, que davam nomes a bairros da cidade e mantinham viva a essência do nosso campeonato¿ Tudo bem, jogo é jogo, vaga se conquista no campo e os chamados pequenos que agora figuram na tabela ampliam e dão mesmo um caráter de estadual à competição, com Macaé, Boavista, Volta Redonda, Friburguense. Acho muito bom que eles tenham formado seus times e entrado de vez no Cariocão, mas independente disso, confesso, e aí vai uma boa dose de saudosismo , que gostaria de ver novamente os velhos-pequenos em ação, de assistir um joguinho lá , onde ficavam as “cabines” de rádio de Ítalo Del Cima, em tarde de 40 graus em Campo Grande. Era bom demais! Como ainda lembro dos antigos locutores de rádio narrando..” aqui na rua Teixeira de Melo, o São Cristóvão entra em campo como seu tradicional uniforme preto com listras brancas.....; ou “aqui no campo da Portuguesa, na Ilha do Governador, venta forte...”. Pois é. Mas sábado a bola rola, sem eles e quem sabe no futuro a gente possa ter um campeonato maior que agregue também esses clubes chamados de pequenos, mas enormes e fundamentais, quando se trata da memória do futebol do Rio.
*coluna publicada em 19-01-2012 no RJ SPORTS