A menina passou a apresentar um comportamento incomum da
noite para o dia. Não, não era problema no colégio ou o primeiro namorado. Era
algo a mais. Estava emotiva, além do que permitia o normal para uma
pré-adolescente de 11 anos. Escutava música e corriam as lágrimas pelo rosto.
Novelas, ela já vinha evitando....A mãe, como toda mãe, observava, mas nada
concluía. Apetite, nenhum, sono agitado, palpitação. Era preciso consultar um
médico. E lá foi a menina, mãe a escoltá-la, cheia de esperanças de uma
solução, de que não fosse nada grave. Fizeram exames: nada. Apenas o coração
batia num compasso mais acelerado. O médico pediu à mãe que os deixasse a sós
no consultório. A contra gosto, a mãe saiu batendo a porta atrás de si,
pensando no que poderia o médico querer
conversar com sua filha, que ela não pudesse saber. Quase uma hora depois a
porta do consultório se abriu. A menina tinha um semblante mais aliviado, mais
motivado, até feliz mesmo. A mãe pensou: o que teria dito o médico a ela pra
que uma mudança tão rápida se processasse....O médico tinha em mãos a receita
do que a paciente deveria tomar. A mãe, aflita, quis saber o diagnóstico, o que
deixava sua filha tão infeliz? E o médico foi categórico: é paixão!!!!! A mãe
teve um choque, achava que a filha era nova demais pra sofrer de amor. E o
médico explicou que na receita estava a solução para resolver esse emocional da
menina. Abriu e leu as instruções: leve a paciente uma vez por semana , pelo
menos, para ver jogos da sua paixão, o Flamengo. 2. Deixe que ela use uma
camisa do clube, sempre que quiser. 3. Em caso de vitória deixe-a extravazar
toda a sua alegria. 4. Em caso de derrota, não é problema...os sintomas de
depressão desaparecem no próximo jogo. 5. Permita que ela viva essa paixão
todos os dias, sem repressões, sem limites.
Obs: A menina ficou curada, sem sequelas, mas não descuida
do tratamento. Até hoje vive intensamente a sua grande paixão!