Bem. Depois de um recesso forçado,
aqui estou eu novamente para ocupar esse espaço no nosso Jornal de Itaboraí. E retorno num dia especial ,
porque escrevo logo depois do apito
final de Internacional e Fluminense, no Beira Rio. Quem , como nós, já se
acostumou a ver os jogões da liga dos campeões, do campeonato espanhol e outros
na Europa, se pergunta se estamos falando do mesmo esporte quando assiste a um
clássico do futebol brasileiro. Lá, no
velho continente, a bola rola, calma, tranquila, sem faltas, truculências. O
jogo é na bola. Aqui, especialmente no jogo do Beira Rio, foi um festival de
brutalidades, com jogadas de alto risco, entradas desleais, socos, pontapés,
carrinhos criminosos, daquelas que podem inutilizar um craque. A cada segundo um
apito, uma falta, um cartão, uma reclamação....Ufa, estamos falando do quê
mesmo? Ah sim, é futebol. Mas onde estão as jogadas ensaiadas, o toque refinado,
o lançamento, o toque de efeito? É meu amigo, não há nem tempo, nem espaço pra
isso no nosso futebol. E, infelizmente nossos técnicos precisam urgentemente
ensaiar jogadas à prova de violência. Jogador tem que acertar o passe, a cabeçada, o chute, o gol, mas pra isso é
necessário saber driblar a pancadaria que se vê, principalmente quando times grandes como Inter e Flu se enfrentam. A
impressão que se tem é de que o único jeito de parar o adversário é mesmo a
porrada. Sabe aquele zagueiro ou volante que tira a bola limpinha, se antecipa
num lance, sem nem tocar o adversário? Pois é. Pode esquecer...Isso é coisa do
passado. Do tempo em que o futebol era jogado por um Leandro, um Mauro Galvão,
um Gamarra, que conseguiu passar uma Copa do Mundo inteira sem fazer uma falta
sequer...A verdade é que , na ausência de recursos, o jogo fica feio, truncado,
pegado demais, parado demais. Quem perde é quem paga um ingresso caro para ver o
que deveria ser um espetáculo. Não sei nem quantas faltas foram marcadas ( fora
as que o juiz não apitou) , mas com certeza foi o anti-jogo que prevaleceu. Quem
jogou mais? Ninguém. Quem bateu mais? Todos. E também deu empate nesse quesito.
Uma pena. O futebol brasileiro já foi mais classudo, mais bonito de se ver, mais
leal. Ao final da partida vi jogadores trocando camisas, se
abraçando, dividindo afagos...E pensar que minutos antes estavam se matando,
distribuindo botinadas, sem pensar nas consequências de machucar seriamente um
colega. É preciso pensar em punições mais rigorosas, que sejam capazes de inibir
tanta violência. Do contrário, o nosso futebol vai ser disputado em octógonos,
onde vale tudo.
coluna publicada em 27-04-2012