sábado, 31 de julho de 2010

COMO NASCE UM ÍDOLO


O nosso futebol anda tão carente de ídolos de verdade, que Muricy Ramalho virou ídolo da noite para o dia, por abrir mão de um sonho, para honrar um compromisso. A atitude, que nada mais é do que ser firme, ter caráter e coragem de dizer não, ganhou o coração de muita gente. Não foi só a torcida tricolor que passou a admirá-lo mais ainda. O torcedor, de uma maneira geral, aquele que gosta de futebol, viu em Muricy a postura de um profissional honesto, fiel aos seus valores, preocupado em dar exemplo aos seus filhos. Mais do que profissional, Muricy passou a ser um cidadão que ganhou o Rio, conquistou o carioca, seja ele flamenguista, vascaíno, botafoguense. Ele, que tinha no currículo toda uma história ligada ao futebol paulistano, como jogador e técnico, num só gesto virou o Rei do Rio. Depois de tantos acontecimentos recentes, que só mancham a imagem do futebol brasileiro, com jogadores frequentando mais as manchetes policiais dos jornais, Muricy surge para resgatar valores que parecem esquecidos no atual mundo do futebol. Na entrevista que foi ao ar no Esporte Fantástico deste sábado, na Record, Muricy deixou o lado "rabugento" esquecido em algum lugar e adotou um comportamento mais leve, mais alegre e descontraído. Um jeitão meio carioca de ser e em determinado momento da entrevista revelou o quanto o Rio está fazendo bem pra ele ao dizer: " eu só fico sério no trabalho... vai ver se eu sou assim lá em Ipanema?
O homem merece ser ovacionado pela torcida do Fluminense e está tão bem com ele mesmo, que até aviãozinho fez pra comemorar um gol no último sábado. Que barato!O ex-rabugento Muricy veio buscar no Rio uma pitada de bom humor que ainda lhe faltava.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

CLARICE, SEMPRE CLARICE


ISSO É ESCREVER COM A ALMA!


Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

Clarice Lispector

quinta-feira, 22 de julho de 2010

BOM DE CUCA


As atitudes no esporte sempre me chamaram a atenção. Não na hora do jogo, da competição, do calor da disputa, mas o extra campo, extra quadra. E na vitória, que deu ao Fluminense a liderança do Brasileiro, dois momentos foram mais emocionantes que a própria vitória: A torcida tricolor ovacionando o técnico Cuca, que hoje comanda justamenteo adversário, o Cruzeiro e o carinho dos jogadores do Fluminense com o técnico, que livrou o Flu do rebaixamento ano passado. Ninguém é tão reverenciado assim se não for uma pessoa especial, daquelas que, por onde passam, deixam saudade. Esse me parece o caso de Cuca, um sujeito que sempre manteve uma incrível humildade, num mundo onde os egos costumam falar mais alto, onde impera a vaidade, principalmente no futebol atual, cercado de "ídolos" por todos os lados, a preencher as páginas dos jornais, dos sites, dos mini blogs e por aí vai. O importante é estar na mídia. Nesse mundo, onde não rola só a bola, Cuca parece ser uma exceção. Um cara que, com esse jeito de ser, resgata o romantismo e a inocência da paixão nacional.

sábado, 17 de julho de 2010

SAUDADE DE JOÃO


Devo confessar que fiquei com um nó na garganta, ao ler a crônica do colega Lúcio de Castro, no blog dele na ESPN. Lembrava os 20 anos da morte de João Saldanha, considerado por ele, o maior comentarista esportivo de todos os tempos. Sem dúvida. Desde que João se foi, em julho de 1990, não surgiu ninguem que traduzisse os complicados esquemas e estratégias do futebol com tanta simplicidade, na linguagem do povo, do cara que discute futebol no boteco da esquina, que passa a semana reclamando do juiz, lamentando a bola que bateu na trave. João era simples, falava como quem bate papo com o ouvinte, o telespectador.... Eu tive o privilégio de trabalhar com ele em vários veículos de comunicação. Na editoria de esportes do agora extinto JB impresso, que deixou tanta saudade, convivi com ele por meia década, diariamente. Era muito bom vê-lo entrar todos os dias, lá pelas seis da tarde (dependendo do dia e dos jogos) e contar suas histórias para quem quisesse ouvir: a rodinha logo se formava em torno daquele homem que tinha um incrível poder de persuasão. João podia falar o maior absurdo que a gente acreditava, e levava aquilo como verdade absoluta. Quem disse isso!!!!! perguntavam os mais céticos. Foi o João, respondíamos nós. E o que era absurdo se transformava em certeza. João falou, tá falado. Os jogos daquela época não terminavam no apito do juiz. O torcedor e muitos coleguinhas, só se davam por satisfeitos depois de ouvir o João no microfone da rádio Globo, ao lado de Waldir Amaral, Jorge Cury....Ele sim, era capaz de tornar a derrota do seu time menos dolorosa, ao considerá-la injusta. As palavras dele soavam como um alento para quem saía derrotado do estádio. Quando entrei em televisão, reencontrei João, na redação da Manchete Esportiva. Fui recebida com uma brincadeira dele: "eu hein, mulher!!, parece que tá me seguindo"!!!! e me deu um abração. Cheguei pra ele e perguntei, na encolha: João, como é que se escreve pra esse troço aqui? Só sei fazer texto pra impresso. E ele, simples como sempre, me disse três coisas: "morena (era assim que ele me tratava), frases curtas e um ponto. A vírgula você põe obedecendo a respiração e o resto deixa com as imagens" . Eu, que já tinha mais de 10 anos de impresso, mas engatinhava em tv, voltei pra casa naquele dia com uma lição simples, que ponho em prática até hoje.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

NÓS DO JB


Em pé: Antônio Maria Filho, Eloir Maciel, João Saldanha, Marcos de Castro, Kala, Silvio Braun e Marta. agachados: Delfim Vieira, Oldemário Touguinhó, eu (Maria Helena Araújo Braun) e Sandro Moreyra, com seu mascote botafoguense.