sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O MEU CARNAVAL



Perco o rumo no batuque que escuto ao longe. Ele está por toda parte nesse Rio de sujeira, permissividade, culto ao corpo, inculto de valores. Diz a lenda que o nome disso é Carnaval, festa profana, insana, que brota do nada uma alegria produzida, sem razão, incendeia e apaga por quatro dias preocupações de outros 361 do ano . O sorriso aberto vem de quem chora no ombro da cuíca, um lamento ritmado, a disfarçar mágoas, ressentimentos, decepções, contrastadas com o repique do surdo, que só ouve a fuzarca dos blocos humanos e escuta a introdução de mais uma marchinha, composta no início do século passado. O carnaval reencarna em cada um, o melhor e o pior das essências dos sentimentos perdidos no planeta. Como diz o poeta: “ é a invenção do diabo, que Deus abençoou”. Acho meu rumo ao pegar a estrada no sentido contrário. O som do tamborim vai se afastando, o pandeiro ficou pra trás, na disritmia dos meus passos, em busca do silêncio de uma outra  sinfonia: a orquestra da mata atlântica, onde ecoam trinados gerados pela alvorada, o farfalhar da folhagem, que se deixa levar e seduzir pelo vento, um embalo incessante, calmo, sereno molhado pela corredeira do rio gelado a deslizar sem parar cachoeira abaixo. O ritmo do meu Carnaval é frenético também, provoca euforia, prazer, namora de olhos fechados com a natureza, entra em harmonia com a bateria do meu coração, em compasso coreografado passo a passo, ao encontro do meu ser.
Bom Carnaval!!!

domingo, 13 de janeiro de 2013

A RUA MONTENEGRO

Vivi minha infância e adolescência nas idas e vindas da rua Montenegro. na foto aparece uma legenda, que localiza a rua como sendo no leblon. atribuo o equívoco ao fato de naqueles tempos ninguém mesmo saber ao certo os limites territoriais de ipanema e leblon. hoje a rua se chama vinicius de moraes e esse ano, no centenário do poeta, certamente vai ser muito lembrada. quando morei ali a rua não era tão rural assim ( rs rs), mas era muito tranquila, o casario dominava a paisagem, pouco trânsito, a lanchonete "Nelson" na esquina da barão da torre com a montenegro.....mais abaixo a nascimento silva, que eu subia e descia diariamente para ir ao colegio Rio de Janeiro e a praia, ahhhh a praia, vazia, limpa. o famoso posto 9 ainda na tinha nascido. a Leila (diniz) e a Betty (faria) eram ratas da praia. batiam ponto todo dia naquele pedaço. na rede de volei jogavam Doval. Pc Caju, Dari Reis (ator). enquanto a gente se esbaldava nas ondas, pegando jacaré de peito, na varanda do Veloso na esquina da prudente(hoje Bar Garota de Ipanema), Tom, Vinicius e Cia faziam jus à máxima de que "intelectual não vai à praia...intelectual bebe). bons tempos!!!!

ZÓZIMO

essa estátua no final do leblon é de um velho companheiro do JB; Zozimo Barroso do Amaral. era um gentleman, cavalheiro, gentil, bem humorado, bonito, chamoso...um dos pioneiros do colunismo social, que passou a ter um conteudo mais informativo, um tom mais critico, ácido como ele só, sutil ,político, sem perder o ar de homem de sociedade. às vezes um simples jargão não queria dizer nada e queria dizer tudo...tipo: " e o fulano hein"???? tive o privilégio de conviver com ele e muitas vezes contribuir com umas notinhas para a coluna, especialmente as que falavam de futebol. zozimo faz parte de uma estirpe de jornalistas que não existem mais nas redações de hoje. saudade!!!!