Nenhum cobertor vai me aquecer. Não, não é pessimismo. É a vida. Mistura do que VI e do que me DÁ. Vida! Precisava ser tão angustiante? Tão generosa e, ao mesmo tempo, impiedosa? Nenhum cobertor vai me esconder do mundo lá fora, como uma cabaninha daquelas da infância, onde a gente achava que estava protegida dos nossos monstros, imaginários ou não. Agora a infância se foi, a adolescênci
a só deixou lembranças, a
mulher brotou, e a maturidade é implacável: enxerga com lentes que
aumentam tudo, do ceticismo à ilusão, da paixão à razão, do viver ao
morrer. Nenhum cobertor vai encobrir o nó da minha garganta, a lágrima
que corre na face esquerda e contrasta com um sorriso tímido, que nasce
do canto da boca. Sentimentos antagônicos, incoerentes, coerentes com a
minha alma aflita, à procura de uma paz abstrata, que nem sinto, nem
vejo, nem toco, nem percebo, nem vivo. Eu não tenho um cobertor.
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